O sono é importante para descansar, assimilar aprendizados e também para crescer. Isso porque o hormônio do crescimento é liberado em maior quantidade e velocidade durante o sono mais profundo.
Noites mal dormidas ou em quantidade de horas insuficientes podem levar a problemas no desenvolvimento físico, emocional e cognitivo das crianças.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), esses problemas vão desde a sonolência simples até o comprometimento do humor, da criatividade, da atenção, do raciocínio, da memória e do equilíbrio.
Mas, quantas horas o bebê e a criança precisam dormir? Essa é a dúvida de muitos pais e mães. A resposta é: depende. As necessidades variam conforme a criança, mas, em geral, quanto mais novas, maior a quantidade de horas de sono. Confira a tabela de média de horas de sono por idade, segundo a SBP:
Idade e Horas de sono
0 a 3 meses – 14 a 17 horas*
4 a 12 meses – 12 a 16 horas*
1 a 2 anos – 11 a 14 horas*
3 a 5 anos – 10 a 13 horas*
5 a 12 anos – 9 a 12 horas
*inclui cochilos do dia
Dormir como um bebê? Quem já teve um em casa sabe que essa expressão nem sempre significa ter uma noite de sono tranquila.
Sim, é comum que, mesmo com fraldas limpas, temperatura normal, alimentação em ordem e rotina de sono cumprida, aquele bebezinho que dormia a noite inteira comece a acordar várias vezes por noite.
Muita calma nessa hora. Normalmente, esse comportamento noturno está associado a saltos de desenvolvimento. É comum que aconteçam por volta dos 4 meses e se repitam algumas vezes até os dois anos de idade, conforme o bebê vai adquirindo novas habilidades.
As novidades deixam os bebês mais agitados e podem impactar na qualidade do sono. Vale praticar a empatia. Afinal, quem nunca teve dificuldade para dormir depois de fortes emoções e descobertas?
Nos bebês, a fase dura cerca de 1 a 4 semanas e requer muita paciência e carinho dos cuidadores até que ele se adapte a essa mudança de percepção do mundo.
Quando o bebê acordar à noite, o recomendado pela SBP é checar a temperatura e as fraldas e ficar no quarto dele até que ele se acalme e adormeça novamente. Sempre que possível, reveze esse atendimento noturno para garantir um mínimo de qualidade de sono aos adultos envolvidos.
É importante observar a criança e conversar sempre com o pediatra sobre alterações no sono dela, mesmo as que pareçam comuns.
Distúrbios noturnos, se forem muito frequentes, podem requerer um acompanhamento médico especializado. É o caso de terror noturno, sonambulismo, agitação intensa, despertar confuso e sonilóquios (falar dormindo).
Terror noturno: diferentemente dos pesadelos, os episódios de terror noturno ocorrem mais no início da noite. A criança tem um semidespertar assustado, com batimentos cardíacos e respiração acelerados.
Mais comum entre crianças entre 5 e 7 anos de idade, pode durar de 30 segundos a 5 minutos. Normalmente a criança não se lembra no dia seguinte.
Sonambulismo: consiste em levantar-se da cama e perambular pelo quarto, podendo despertar, mas sem lembrar no dia seguinte. São necessários cuidados para evitar acidentes. Pode ser desencadeado por fortes emoções ou febre.
Sonilóquios e agitação intensa: quando a criança fala ou se mexe muito à noite. A orientação nesses casos, segundo a SBP, é o estímulo às boas práticas noturnas, com horários e ambientes adequados para o sono. Em situações que não respondem a essas medidas, exames ou tratamentos farmacológicos poderão ser indicados.
Não existe uma receita para fazer bebês e crianças dormirem. Mas a criação de uma rotina com rituais de sono ajuda muito a reduzir a ansiedade e a expectativa na hora de dormir, tanto para a criança quanto para a família.
O papel dos pais ou cuidadores nessa hora é transmitir segurança e um ambiente favorável ao relaxamento. Confira 9 dicas para ajudar a criança a dormir melhor (e, consequentemente, toda a família):
- Diferenciar bem dia e noite: durante o dia, manter o ambiente claro, com os movimentos e sons comuns da casa; à noite, reduzir o ritmo e as luzes. Isso ajuda a regular o relógio biológico da criança
- Jantar pelo menos 2 horas antes de ir para cama e evitar alimentos e bebidas estimulantes, como chocolate, refrigerante, cafeinados ou chá-mate
- Evitar brincadeiras agitadas e telas pelo menos 1 hora antes de dormir
- Um banho morninho antes de deitar é ótimo para a criança relaxar
- Ter um mesmo horário para dormir e para despertar todos os dias também ajuda a regular o ritmo circadiano, importante para a qualidade de sono e vigília em todas as idades. Mas lembre-se de que a criança precisa de mais horas de sono que os adultos, por isso, o ideal é que deitem antes
- Levar a criança para a cama ainda acordada para fazer o ritual do sono, ficando perto. Adormecer no próprio quarto ajuda no desenvolvimento de autonomia e segurança para dormir sozinha, facilitando que volte a dormir, caso acorde no meio da noite
- A rotina pré-sono pode ser adaptada conforme o perfil da família: ler histórias, cantar músicas calmas, fazer uma massagem ou uma oração. O importante é que sejam momentos agradáveis e relaxantes que marquem que é hora de dormir
- Se a criança tiver medo do escuro, vale deixar uma luz fraca acesa, de preferência vermelha ou amarela, para deixá-la mais segura
- No caso dos bebês, ter a rotina para os cochilos do dia também é importante: o ideal é que sejam curtos e não muito no fim da tarde para não atrapalhar o sono noturno
Proporcionar uma rotina e ambientes relaxantes para o sono traz benefícios não só para a criança, mas para toda a família. Afinal, nada mais gostoso depois de um dia agitado que observar uma criança dormindo tranquila. Aproveite esse momento!
Fonte: Unimed Coop
Foto: Alex Green