Ansiedade infantil: como tratar?

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ansiedade é uma reação a situações potencialmente perigosas, que envolve respostas a diferentes níveis: comportamental, somático, cognitivo e emocional. Apesar de se sobrepor ao medo, é importante compreender a ansiedade visto ser caracterizada por esta complexidade de respostas face à antecipação de uma ameaça, enquanto que o medo constitui uma emoção sentida quando se sente perigo real. 

A ansiedade está presente desde a infância, e detém extrema importância pois alerta-nos para uma situação de perigo iminente, proporcionando a análise do que está a ocorrer, e viabilizando uma resposta protetora da ameaça. Constitui, portanto, um sistema de defesa, que não só é sensível ao desenvolvimento das crianças e adolescentes, como também se relaciona com questões evolutivas (de sobrevivência), mesmo que estas já não se enquadrem no contexto atual do jovem.

Quando é que a ansiedade infantil deixa de ser normativa?

A ansiedade deixa de ser normativa, de estar associada à norma ou ser naturalse interfere acentuadamente (ou seja, se perturba, daí se falar em perturbações de ansiedade), com o funcionamento da criança ou adolescente, em diversas áreas, impedindo que desempenhe as suas atividades do quotidiano. Esta interferência deve ser constatada ao longo de, aproximadamente, seis meses. Contudo, este critério pode variar conforme o tipo de ansiedade e a idade do jovem, podendo representar um menor espaço de tempo para crianças mais novas. Tal acontece quando existem, simultaneamente, um conjunto de fatores que conduzem a um exagero desmensurado do perigo, ou a uma percepção do perigo quando o mesmo não existe.

Sinais e sintomas da ansiedade infantil

Existem diversos sintomas que, devido à sua intensidade e extensão temporal, assim como o facto de não poderem ser explicados por nenhuma outra condição, indicam a presença de um quadro de ansiedade. Alguns são específicos de cada perturbação, e estão descritos nas respetivas subsecções. Outros, seguidamente apresentados, são transversais às diferentes perturbações deste tipo. É importante sublinhar que estas respostas também ocorrem em casos de ansiedade normativa, e apenas representam um quadro de perturbação quando o seu impacto é tão intenso, que interfere com o funcionamento adequado do jovem no seu quotidiano.

A ansiedade envolve várias dimensões: a fisiológica, cognitiva, emocional e comportamental. Como tal, existem sintomas relativos a cada uma dessas dimensões.

Alguns dos sintomas mais comuns nos quadros de ansiedade são fisiológicos. Deste modo, é habitual que as crianças e adolescentes sintam:

  • Aceleração do batimento cardíaco;
  • Tensão nos músculos;
  • Dores abdominais (dor de barriga);
  • Tremores;
  • Sudação (excesso de suor, ex. nas mãos);
  • Alterações gastrointestinais;
  • Tonturas.

Os jovens têm a percepção que, em caso de desastre, não saberiam lidar com a situação. Assim, dedicam muita atenção aos estímulos do meio, que podem ser considerados ameaçadores. Este estado de vigilância é elevado e constante, o que pode conduzir à interpretação errónea de estímulos neutros como representantes de ameaça ou perigo.

Relativamente à dimensão emocional, é importante considerar que as crianças e adolescentes sentem, frequentemente, medo, angústia, irritação e apreensão. Tal deve-se não só à antecipação de eventuais desastres, como também à sensação que não têm as competências necessárias para lidar com os mesmos.

 

 

 

Dependendo da percepção da ameaça, da situação, e das características dos jovens, face à ansiedade, estes podem ter diferentes comportamentos. É possível que fujam perante a percepção de ameaça, evitem um acontecimento que considerem perigoso, ou ainda que fiquem imobilizados (por exemplo, um jovem que tem de falar em público e, quando sobe ao palco, “congela”, não conseguindo falar nem mexer-se). Face ao mesmo tipo de situações, as crianças e adolescentes podem ainda manifestar comportamentos como: chuchar no dedo, chorar, roer as unhas ou desenvolver tiques.

Tratamento da ansiedade infantil

A ansiedade (se não tiver um considerável impacto negativo na vida das pessoas) é muito importante, pois avisa-nos para perigo iminente, ajuda-nos a analisar a situação na qual nos encontramos e a proceder da forma mais adequada. Assim, o acompanhamento de pessoas com perturbações deste tipo, não envolve uma cura. A ansiedade não é eliminada completamente! Ao invés, o objetivo do acompanhamento psicológico é ajudar as crianças e adolescentes a desenvolverem ferramentas para lidar com a ansiedade, e a diminuir o número de situações nas quais a sentem.

Deste modo, as intervenções terapêuticas podem visar:

  1. Psicoeducação relativamente ao que é a ansiedade e os mecanismos de manutenção da mesma;
  2. Desenvolvimento de competências pessoais e sociais;
  3. Estratégias de gestão da ansiedade;
  4. Técnicas da abordagem cognitiva-comportamental.

O acompanhamento psicológico poderá ser complementado através de medicação (medicamentos ansiolíticos), receitada por um profissional de saúde, preferencialmente da área da saúde mental credenciado (Psiquiatra).

Fonte: Saúde Bem Estar

Foto: Gustavo Fring